sexta-feira, 15 de abril de 2011

Capítulo 02: A morte em pessoa.

Quando pensava o por quê de a arma ainda não ter disparado, Lyra abriu seus olhos levemente, e percebeu que a arma não disparou porque o homem havia sido cortado ao meio, mas...Ao invés de uma poça de sangue, apenas uma bola de fogo pequena, com um núcleo negro, estava pairada no ar.

-O-O quê é isso....??!
Lyra procurou pelos lados, por trás, por cima querendo apenas saber quem a salvou, quando um vulto agarrou a bola de fogo e a guardou em uma mochila, presa em sua cintura. E dessa mesma mochila, ele tirou uma lista, de onde riscou um nome e disse:
-Bruno Silveira de Oliveira, pronto. Completei minha cota diária.
Lyra se aproximou do vulto, reconhecendo sua voz, e sem que ele percebesse, ela retirou o capuz, revelando seu rosto: Era Leon.

-Hã? Afe, odeio quando esse capuz cai...-Disse Leon, apenas achando que seu capuz caiu com o movimento.

-Leon??!! O que diabos você está fazendo aqui?? E por quê você matou aquele cara??? E o que era aquela bola de fogo???
Leon olhou mais confuso ainda para Lyra e disse:
-E como diabos você consegue ver uma alma?
Lyra ficou mais confusa ainda.
-Alma?? Alma??! Do que você está falando?! Por quê matou aquele cara??
-Faz parte do meu trabalho.-Disse Leon, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
-Não me diga que você é um assassino??? E a entrega de hoje de tarde?? Era pra entregar o cadáver de alguém??
Leon suspirou, fitou Lyra por uns instantes e calmamente disse:
-Eu sou um "Shinigami", ou seja, a morte em pessoa. -Lyra ficou paralisada de choque - Meu trabalho é coletar almas, e a desse cara era a próxima da minha lista.

Lyra perdeu a consciência e desmaiou, sem acreditar no que acabara de ouvir, pois não dava pra acreditar que seu amigo de infância, com quem brincava de coisas completamente cristãs e inocentes, completamente gentil, era na verdade a morte, que leva as pessoas que mais amamos embora...

No dia seguinte, Lyra acordou achando que tudo fora apenas um sonho maluco, mas sem entender nada do que viu.
-Deve ter sido apenas um sonho...Assim espero.
Lyra olhou pro relógio na sua cabeceira, e percebeu que estava atrasada para a aula. Ela se trocou, arrumou os cabelos e saiu em disparada até o colégio, pois odiava chegar atrasada. Lyra também percebera que Leon não veio assistir aula , embora tenha procurado por ele em todos os cantos da escola. E assim, foi visitar seu pai novamente.

Algum tempo estando no quarto de seu pai, Lyra acabou pegando no sono, e só acordou quando ouviu o barulho da porta abrindo. Embora estivesse apreensiva, Lyra pensou apenas que fosse uma enfermeira para trocar o soro, ou simplesmente averiguar se sua condição havia mudado. Mas, era a pessoa que ela menos esperava no momento: Leon, que estava com as mesmas roupas da noite passada, uma blusa preta com capuz, um tênis All-Star preto e calças jeans.
-L-Leon??? O qu...Ah não, você veio matar o meu pai como fez com aquele homem ontem??!
Leon não prestou muita atenção no que ela disse, pois estava com seus fones ouvindo música no útimo volume.
-Leon?! Você tá me ouvindo??! Responda!!
Leon pausou a música, tirou os fones do ouvido e pronunciou:
-John Navy, sinto muito, mas sua hora chegou.
O pai de Lyra nem deve ter ouvido ou PRESTADO ATENÇÃO no que Leon disse, pois ele devia ainda estar em coma. Neste instante, pequenas chamas negras apareceram na mão de Leon, e uma foice se materializou.
-Leon?? Você...VOCÊ VAI CORTAR ELE AO MEIO??!! - Esperneou Lyra, já com lágrimas em seus olhos.
Leon a fitou com um olhar triste e disse, num tom de arrependimento:
-Lyra, eu...Não queria ter de fazer isso na sua frente mas....Ordens são ordens...
A mão de Leon brilhou num tom azul-claro, e ele pronunciou algo que mais parecia um feitiço de jogos online:
-"Anima Capere" (Captura de almas).

E então a alma do pai de Lyra saiu de seu corpo e o único som que se podia ouvir, era do monitor, que apenas fazia um ruído agudo....Lyra apenas fitou ambos com lágrimas escorrendo de seu rosto.

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